Jesus – Servo exemplar



O que você quer ser quando crescer? Essa é uma pergunta que normalmente fazemos aos nossos filhos. Também uma pergunta que em algum momento da nossa infância tivemos que responder. Quando eu era criança respondia que quando crescesse seria grande, e realmente, fisicamente, cresci muito. E você, o que respondia quando criança?

As Escrituras nos desafiam a crescer segundo a verdade em amor, em tudo naquele que é a cabeça, Cristo (Ef 4:15). Precisamos nos tornar mais parecidos com Jesus. Quais eram Suas características dominantes? Em Mateus 20:20-28, Jesus disse que Ele era Servo.  

Em resposta à pergunta “O que pretende ser quando crescer em Cristo?”, alguns poderiam pensar: “quero ser um presbítero ou diácono”, “um professor de EBD”, “pastor ou missionário”, etc. Todos estes anseios são bons. No entanto, quero afirmar que, à parte de qualquer título, todos são úteis nas mãos de Deus, quando se tornam servos.            

Hoje em dia propaga-se o conceito que ser crente em Jesus produz muitos lucros financeiros à medida que se investe dinheiro nos projetos da igreja, satisfaz interesses e opiniões humanistas, que doenças e enfermidades não perturbam se cumprirem corretamente certas agendas, que é possível até manipular a vontade de Deus ao constrangê-lo com algum esforço humilhante. Em geral, pensam que seguir a Jesus é ser servido, e não servir incondicionalmente a Sua vontade. Há uma mentalidade de consumo que dominam tradições cristãs tornando-as omissas de cuidados pessoais intransferíveis no que diz respeito a vocação e a espiritualidade.

UM DESAFIO UNIVERSAL


A palavra “diácono” é uma transliteração da palavra grega diakonos. Na língua grega esta palavra significa um simples “servo”: aquele que trabalha para os outros, quem é responsável por outros.


Servir a Deus é servir um ao outro, também. É relativamente importante se estamos ou não servindo como presbíteros ou diáconos, mas é de vital importância que todos sejam servos e não apenas um determinado grupo que conhecemos como líderes eclesiásticos. Cada um de nós deve viver como servo em serviço, usando as habilidades doadas por Deus a fim de honrá-Lo. 


“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens,  cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo” Colossenses 3:23-24

O INSTIGANTE CONFLITO


Jesus estava tentando ensinar Seus discípulos sobre servidão em Mateus 20:20-28. Ele tinha acabado de dizer o que estava prestes a acontecer-Lhe em Jerusalém: sofrimento e crucificação (v. 17-19). Então Salomé (mãe de Tiago e João) abordou Jesus e pediu: “Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua esquerda” (Mt 20:21).

            Ele falava de cruz, mas ela de coroa.
            Ele falava de responsabilidade, mas ela de recompensa.  
            Ele falava de função, mas ela de posição.             
            
Em resposta, Jesus disse: “Não sabeis o que pedis” (Mt 20:22). Ela e seus filhos não haviam compreendido:


Primeiro: a natureza do reino de Deus que é espiritual e não física. “Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós” Lucas 17:20-21


Segundo: a condição dos súditos no reino de Deus que é servir e não ser servido.            

Jesus perguntou: “Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?” (v. 22). Ele tinha em mente o sofrimento descrito entre os versos 17-19. Como os discípulos não haviam entendido o cálice (metáfora de tristeza) que Ele mesmo estava para beber, responderam: “Podemos”. Jesus podia ver o futuro, Ele sabia que Tiago, pela causa de Cristo, como servo, seria o primeiro apóstolo martirizado e João o último. Então, Jesus lhes disse: “Então, lhes disse: Bebereis o meu cálice” (v. 23).            

O verso 24 narra qual foi a reação dos demais discípulos ao ouvirem o pedido que Tiago e João fizeram a Jesus para que exercessem maior poder no reino de Deus: eles ficaram indignados com os dois. Estavam indignados porque Tiago e João estavam tentando chegar à frente deles. Eles provavelmente se frustraram porque não tinham pensado e pedido isto antes. Foi quando Jesus reuniu os doze em torno dEle e tentou mais uma vez explicar a natureza e condição no reino de Deus.

1. SISTEMA DE PODER DO MUNDO (v. 25)

Autoridade posicional (v. 25):  
          
- Governadores dominam. A palavra “dominam” é a tradução de katakurieuo (gr. prep. kata + kurious), cujo sentido é: “senhor acima”, qualidade de “maioral” (gr. mégas), ou seja, alguém que detém autoridade posicional, que ocupa posições altas em uma hierarquia, como um tirano, um ditador.

            Senhores sobre empregados
            Pais sobre filhos
            Homens sobre mulheres
            Fortes sobre fracos
            Ricos sobre pobres

2. SISTEMA DE PODER DO REINO DE DEUS (v. 26-27)


“Não é assim entre vós; pelo contrário” (v. 26) - Autoridade funcional         

Ele queria que Seus discípulos entendessem que Seu reino não seria como os reinos mundanos. Mas a tendência por chegar primeiro, ser o maior e melhor, ser mais admirado, mais reconhecido, ter mais que os outros, dominava o conceito de poder em seus corações. Jesus então, redireciona o entendimento de poder com estas palavras: “... quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;...” (Mt 20:26).            

Assim, Ele ensina que para se tornar grande é percorrendo o caminho do serviço incondicional, de satisfazer a necessidade do outro mesmo que isto signifique sacrifício. É preciso aprender a ser um servo, como um escravo que não se preocupa com seus direitos, não se preocupa com créditos, apenas serve.

CONCLUSÃO: JESUS É O SERVO EXEMPLAR (v. 28)

Jesus enfatizou que o serviço estava no coração de Sua vinda e morte em Jerusalém: “tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Como o Filho do Homem, Homem-divino, o Criador de todas as coisas (Jo 1:1-3), Ele tinha o direito de ser servido.            


A palavra traduzida por “tal como” é a palavra ὥσπερ, cujo sentido é “assim como” (conj. subordinação). Tal conjunção tem a função de apresentar o modelo principal para a argumentação anterior. Jesus se apresenta como o modelo de Servo para ser seguido.


“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,  pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;  antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,  a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” Filipenses 2:5-8


Ele veio para servir e, finalmente, realizar o maior serviço: morrer na cruz para pagar o preço de resgate (λύτρον - noção de troca, substituição) por todos os escravizados pelo pecado.


APLICAÇÃO:            

1. Jesus é nosso referencial de Servo e serviço. Há muitos referenciais de liderança entre o povo de Deus; entretanto, todos eles são falhos e mais cedo ou mais tarde acabam decepcionando as falsas expectativas que lhes confiamos. Nenhum referencial ou paradigma de servo e serviço é mais seguro que Jesus Cristo. Examine Sua vida, como lidava com Seus opressores, com Seus admiradores, como lidava com as tentações externas, como se concentrava na missão entregue pelo Pai, ... e imite-o. Foque Ele, sustenta-se nEle, confie nEle, entregue-se à Ele!

2. Abandone o hábito de criticar mais que ajudar. Aqueles que ajudam mais, se comprometem mais, servem mais, tornam-se os grandes exemplos de como é possível, ainda que falhos, testemunhar Cristo em suas próprias vidas, com palavras e ações.


3. Considere as necessidades dos outros mais importantes que as suas, no sentido de abrir o coração e tornar-se um consolador, um acolhedor, um doador, um hospitaleiro, um conselheiro, um evangelista, uma pessoa misericordiosa, um instrutor bíblico... mesmo sem qualquer cargo, simplesmente pela consciência de servo que é chamado a ser à semelhança de Cristo.

Ericson Martins

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